30 novembro 2005





"A vantagem das emoções é que elas nos desencaminham!"


Oscar Wilde, in O Retrato de Doryan Gray

29 novembro 2005

QUE ANSEIO!!!


É uma lástima usar as máquinas fotográficas convencionais que, apesar de todos os seus recursos, em nada se aproximam das digitais. E eu, como me fico? Padecente!!! Tanto a fazer, tantas imagens a capturar para subi-las à rede e mostrar ao mundo a minha ótica, minha forma de colher, num rápido premer de botão, circuntâncias mais bem percebidas pela lente! No entanto, no momento, esbarro numa dificuldade: como tenho uma reliquial (para não dizer jurássica) máquina manual e o preço das revelações é escabroso, chegando a ultrapassar os R$ 25.00, me vejo contrangido à resignação de simplesmente esperar minhas finanças chegarem a um ponto de equilíbrio. A transição de vida, feita há quase um mês, rendeu-me algumas imposições financeiro-matrimoniais de que não posso desobrigar-me no momento. Resta-me esperar e deseperar até que consiga levar minhas mãos a uma excelente peça digital que fotografe em 35mm com tela LCD.

28 novembro 2005

UMA CARNIÇA


Lembra-te, meu amor, do objeto que encontramos
Numa bela manhã radiante:
Na curva de um atalho, entre calhaus e ramos,
Uma carniça repugnante.
As pernas para cima, qual mulher lasciva,
A transpirar miasmas e humores,
Eis que as abria desleixada e repulsiva,
O ventre prenhe de livores.
Ardia o sol naquela pútrida torpeza,
Como a cozê-la em rubra pira
E para ao cêntuplo volver à Natureza
Tudo o que ali ela reunira.
E o céu olhava do alto a esplêndida carcaça
Como uma flor a se entreabrir.
O fedor era tal que sobre a relva escassa
Chegaste quase a sucumbir.
Zumbiam moscas sobre o ventre e, em alvoroço,
Dali saíam negros bandos
De larvas, a escorrer como um líquido grosso
Por entre esses trapos nefandos.
E tudo isso ia e vinha, ao modo de uma vaga,
Ou esguichava a borbulhar,
Como se o corpo, a estremecer de forma vaga,
Vivesse a se multiplicar.
E esse mundo emitia uma bulha esquisita,
Como vento ou água corrente,
Ou grãos que em rítmica cadência alguém agita
E à joeira deita novamente.
As formas fluíam como um sonho além da vista,
Um frouxo esboço em agonia,
Sobre a tela esquecida, e que conclui o artista
Apenas de memória um dia.
Por trás das rochas irrequieta, uma cadela
Em nós fixava o olho zangado,
Aguardando o momento de reaver àquela
Náusea carniça o seu bocado.
- Pois hás de ser como essa infâmia apodrecida,
Essa medonha corrupção,
Estrela de meus olhos, sol de minha vida,
Tu, meu anjo e minha paixão!
Sim! tal serás um dia, ó deusa da beleza,
Após a benção derradeira,
Quando, sob a erva e as florações da natureza,
Tornares afinal à poeira.
Então, querida, dize à carne que se arruína,
Ao verme que te beija o rosto,
Que eu preservei a forma e a substância divina
De meu amor já decomposto!
Charle Baudelaire, in Flores do Mal



Hoje eu acordei mais cedo, tomei sozinho um chimarrão...

25 novembro 2005

QUE GIRO, GIRO, GIRO!!!


CURIOSIDADE

O cardeal belga Gustaf Joos chocou a comunidade homossexual de seu país ao afirmar: "De todos aqueles que chamam a si próprios de gays ou lésbicas, apenas 5 ou 10% são de fato homossexuais. Os outros são todos pervertidos. Os verdadeiros homossexuais não andam pelas ruas com trajes coloridos e vulgares. Esses são pessoas com problemas graves que necessitam de ajuda imediata...!"

23 novembro 2005

UMA HOMENAGEM A BIANQUITA

Veio-me n'alma um desejo ingente de dizer-te o quanto és cara para mim, pois me parece que conhecemo-nos há muito e nem há um oceano a separar-nos! À amizade crescente in nobis per semper.
Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,
Te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te socava
Y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.
Fui solo como un túnel. De mí huían los pájaros
Y en mí la noche entraba su invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como un arma,
Como una flecha en mi arco, como una piedra en mi honda.
Pero cae la hora de la venganza, y te amo.
Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme.
Ah los vasos del pecho! Ah los ojos de ausencia!
Ah las rosas del pubis! Ah tu voz lenta y triste!
Cuerpo de mujer mía, persistirá en tu gracia.
Mi sed, mi ansia sin limite, mi camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed eterna sigue, y la fatiga sigue,
Y el dolor infinito.

22 novembro 2005

NUEVO FENÓMENO EN ESPANHA


Amigos,




Viram o furacão que passou no Bernabéu, na cidade de Madri, no último sábado??? Chama-se Ronaldinho Gaúcho!!! Com apenas 25 anos, ele se equiparou a Cruyff e a Maradonna, que saíram ovacionados pela hinchada rival. O gaúcho destruiu o meio-campo e a defesa das merengues que ficaram apenas a ver o baile futebolístico. A expressão do goleiro Cassilas diante dos dois gols últimos dá bem a idéia do terror que a equipe madrilenha passou. O mundo se rendeu ao mágico do futebol. O jornal espanhol El Mundo admitiu: El Bernabéu se tuvo que rendir ante la evidencia!!!

21 novembro 2005

Tenho deparado quão facilmente as pessoas se apegam às convenções sociais, algumas por patologia, outras por pedantismo estúpido e servilismo acéfalo e cego. Estas últimas são objeto inescapável do meu desprezo e fúria punitiva, pois, de certa forma , o incômodo que representam chega até mim. Quando digo convenções sociais, não aludo às regras sobre as quais apóia-se nossa sociedade para manutenção da ordem, do equilíbrio, da moral, dos bons costumes, das tradições sadias etc. Refiro-me, sobretudo, às superficialidasdes burguesas, às ostenções balofas de polidez vazia que, na maioria dos casos, ocultam um idiota disfarçado de homem moral e civilizado, enfim, detesto a ética excremetária desses tipos levianos com sua etiqueta afetada e que não esconde a hipocrisia.
A esse repeito, tomei conhecimento de uma caso absolutamente trivial, mas com seu interesse: estava sentado no meu sofá costumeiro, já vencido de sono tanto que cabeceava. A tv em frente a mim já desvanecia até que ouvi - Bruna Surfistinha (no Programa do Jô). O nome não me pareceu familiar, nunca tinha ouvido antes. Apenas dormi.
No dia seguinte, bradou-me a consciência em lembrança como um eco de algum resquício psicodélico. E fui à rede pesquisar. Confirmei as informações: B. Surfistinha, ex-garota de programa etc. Isso remeteu-me ao blogue da jovem e passei a considerar a sua angústia. Sim, atrevo-me a dizer que é uma angustiada, pois carregará para sempre os estigmas de uma opção infeliz - a perseguição, o assédio moral, as bravatas desaforadas dos hipócritas!
Certamente é de merecida consideração o fato de que será ostensivamente acossada pela opinião arrogante dos que não têm absolutamente respeito pelo ser humano diante de uma possibilidade de mudança, de redenção. As ex-prostitutas não podem gozar de sua civilidade e de sua humanidade como qualquer "puro" cidadão. Acaso têm, por força de uma disposição determinista, que abandonar sua dignidade e viver relegada a uma pura condição biológica e institiva, ou seja, ser uma puta, nada mais que uma puta? É isso o que pensam os presunçosos heróis da moral, não obstante seu discurso fumarento e camuflado pregue a piedade.
Lamentavelmente, vivemos no país da esperteza e da picardia, a matéria-prima do Brasil é um apanhado de velhacos, com suas exceções, é claro. Como escreveu João Ulbaldo Ribeiro, aqui "a esperteza é uma moeda mais valorizada que o dólar!" Que quero dizer com essa intercalação? Simples e sem medo de errar: os mesmos que criticam virulentamente a jovem, que a afligem e esbandalham, que a submetem ao chincalhe vulgar e desgraçante, certamente fazem uso dessa esperteza, dessa velhacaria ao terem o seu caso extraconjugal, ao se banquetearem à farta despendendo somas de dinheiro em festejos inúteis quando há tantos famintos e miseráveis nas ruas; ao promoverem referendos para desviar a atenção do povo da podridão moral que se descortina ante nossos olhos estarrecidos; ao fazerem "gato" de eletricidade, defraudando o vizinho; ao trazerem para casa o que é não seu, tirando do escritório, por acharem que ninguém vai sentir falta, enfim todos estes são os que julgam a jovem por um destino traçado pela sociedade que compõe este país.

18 novembro 2005

RENOVATIO TITULI

E implementei mudança no blogue - o título - como que movido pelos anseios mudos de alguns leitores; agora chamem-no A Casa de Usher, que nomeia um dos mais fantásticos contos de Edgar Allan Poe. Roderick Usher é uma amigo de infância do narrador - personagem cujo nome não se refere. Este é convocado a visitá-lo e descobre mudanças surpreendentes na vida e no procedimento do velho Usher, um hipocondríaco de hábitos sombrios e que mora num casarão em cuja descrição Poe se esmera de sorte a deliciar-nos, revelando-nos uma mansão antiga sob nuvens baixas e opressoras - "uma simples casa de propriedade, as paredes áridas, as janelas semelhando a olhos vazios, perdidos no nada, um pequeno canteiro de junças, e uns poucos troncos brancos de árvores apodrecidas..." Assim descreve os primeiros caracteres daquela mansão fantástica que exerceu profunda influência sobre Usher. Como Poe prega em sua Filosofia da Composição, o escritor deve elaborar sua obra com a consideração de um efeito e esse efeito que Poe busca atingir em A Queda da Casa de Usher é o terror, o medo na sua forma mais cruenta que ele já introduz nas páginas iniciais do conto.
Para atingir esse efeito, o conjunto do conto deve estar intimamente ligado a ponto de impor o cenário dominante onde ocorrerão os sucessos espetaculares de medo e desespero ante o desconhecido: o clima é frio, melancólico, domina o inverno ou o outono, pois as folhas caem e ar é cortante; a paisagem é plúmbea, consternadora, invadindo o espírito de modo brutal e terrificante. Os acontecimentos havidos entre o narrador e Usher são perfeitamente estranháveis e estarrecedores, pois a atmosfera sombria é conservada em tudo. A doença dos irmãos gêmeos Usher e Lady Madelaine, a linearidade da descedência familiar, isto é, sem ramificações, as leituras sinistras e assombrosas (e no entanto deliciosas!), as obras de arte, as composições, as improvisações musicais do hipocondríaco à guitarra, suas supertições terríveis acerca da influência que a casa exerceu sobre ele e sua família, os efeitos devastadores que causavam a composição do lago obscurecido, a disposição das pedras, as torres cinzentas, enfim, tudo a respeito da casa pareceu-lhe determinar o destino, trazendo-lhe à moral e à existência um efeito medonho e escatológico.
É uma parte interessantíssima a da condição da irmã Madeleine. Sua doença era um absurdo desafio aos médicos que renderam-se à impossibilidade de cura. A infeliz enferma era afligida, segundo diagnóstico, por uma apatia fixa e torturante que frequentemente a abatia e derreava à cama, até que, por fim, sucumbiu à força extenuante daquele flagelo silencioso e partiu do mundo dos vivos. Inspirado pela leitura de um manual antigo de uma igreja esquecida e, particularmente, sengundo ele, devido à natureza da doença da defunta, Usher decidiu preservar o corpo da irmã durante uma quinzena para a realização de um ritual descrito na obra.
O excesso se percebe em tudo até o clímax do conto com o desaparecimento da casa sob os estrondosos e mortíferos ventos de uma tempestade.
Eis a razão por que escolhi o titulo e tenham-no!!!

16 novembro 2005

Galego

Tenho uma sonante queixa! Lástima! Lástima! Há muito tenho me empenhado em conhecer a normatização da língua galega, para isso hei buscado em todos os lugares óbvios de minha cidade gramáticas galegas ou, pelo menos, manuais explicativos sobre os mecanismos e a história da língua.
Devassei os sebos e as livrarias - amigos galegos, sabeis o que é sebo? Aqui no Brasil é uma designação comum para estabelecimentos de venda de livros usados e antigos. Provavelmente deriva da expressão
ensebar, que vem mesmo de sebo na sua acepção metafórica, possivelmente, passar de uma mão à outra, isto é, mudar de proprietário, de leitor. Atualmente, o termo parece estar restrito ao sudeste e ao sul do Brasil, enquanto que no nordeste prefere-se o termo alfarrábio, que é na verdade a designação do próprio livro ou revista usada, mas os nordestinos generalizaram o uso por extensão, uma espécie de metonímia, e a palavra se fiormou. Assim, vasculhei os sebos, dos mais recentes ao mais antigos e nada encontrei que me satisfizesse.
Meu interesse pelo galego tornou-se-me uma acossa, posto que me chamam muito a atenção características peculiares do galego que o tornam um reflexo português arcaico. O uso do "x" no lugar do "j" e "g" portugueses me impressionam bastante. Fico a imaginar um galego-falante aqui no Brasil, causando estranhamento com frases como
" Xa está, solteino todo...Despois a realidade (...) díxome que seguía alí, e que con palabras non a podía cambiar." (*) ( Elianinha, se estás a ler esta postagem, não te preocupes, preservarei os direitos autorais :D).
Parece-me, e eu não gostaria de concluir assim, que meu estado é um péssimo modelo na difusão da cultura de línguas de origem ibérica, contribuindo isso para sua já andante desvalorização, haja vista já sermos homiziados pelo preconceito dos que vivem em regiões mais desenvolvidas do país.

14 novembro 2005

AS LÁGRIMAS CONTINUAM...

Ainda sobre Heather O'Rourke, cuja morte me comoveu dolorosamente e me causou uma terrível obsessão por sua história, devo oferecer a quem interessar, por ter sofrido, com eu, essa atordoante consternação de espírito, algumas informações sobre os momentos de agonia de Heather:


"Na noite do dia 30 de 1988, um domingo, a pequena Heather acordou perturbada por um incômodo de saúde que já havia meses que a maltratava. Já em 87, durante a pré-filmagem de Poltergeist III - O Capítulo Final, Heather sentiu os sintomas da doença que foi inicialmente confundida com uma gripe - febre, calafrios etc. Foi levada a um especialista que não deu maiores infromações, razão pela qual muitos culpam o procedimento médico. Por fim, foi à cama dos pais queixar-se de sua condição, mas voltou a dormir. No manhã seguinte, 1 de Fevereiro de 1988, Heather despertou para ir à escola, como de costume, mas, durante a refeição matinal, sua mãe notou que a pequena não estava bem e que não parecia recuperada da aparente gripe que sofrera na última semana.
Seu estado, então, agravou-se e ela desfaleceu repentinamente. A ambulância foi chamada e, no caminho para o hospital, Heather entrou em choque e perdeu a consciência, seguindo-se déficit cardíaco. Foi ressuscitada e transportada para o Centro de Saúde e Hospital da Criança onde foi examinada por um especialista em Condições Críticas da Saúde Infantil.
Uma cirurgia de laparotomia exploratória foi realizada e constatou que ela desenvolveu uma obstrução intestinal que causou uma infecção. Nessa condição grave, o intestino delgado ou grosso fica completamente bloqueado, não havendo assim passagem para trânsito de alimentos por um determinado ponto do canal entérico. Uma cirurgia de emergência foi feita. No caso de Heather, procedeu-se a uma resseção em que a parte danificada do intestino foi removida e ligada a uma extremidade saudável, restaurando as funções da área enferma. Apesar do sucesso da operação, Heather não recobrou a consciência e seu corpo pareceu não ter-se recuperado da infecção. Seguiu-se então um choque séptico, que é uma condição gravíssima em há um excessivo acúmulo de toxinas no sangue devido à uma septicemia (proliferação de microrganismos patogênicos no sangue). Seu quadro se agravou ainda mais e, às 2 horas e 43 minutos daquela tarde de 1º de Fevereiro de 1988, a pequena Heather faleceu.
Em 5 de Fevereiro seu corpo foi sepultado em um pequeno cemitério no centro do histórico distrito de Westwood Village, em Los Angeles. Foi posta entre outras celebridades e a placa que marca seu túmulo diz: "Heather O'Rourke - Amada Filha - Irmã - "Carol Anne" - Poltergeist I,II,III."
Nós sentimos tua falta, Heather!!!

11 novembro 2005

HEATHER O'ROURKE


Há pouco estive a ponto de chorar. Choro incontido de tristeza! Lástima! Minha natureza é tão depressiva. Mas não seria a expressão de uma tristeza patológica, pois disso não padeço, apesar da ansiedade existencial. O choro proveio da constatação de que eu sou humano e essa característica é uma das que mais me confrangem o coração – importar-me tão seguramente com as desgraças alheias a tal altura que eu as tomo para mim, numa reflexão consumidora de nossa fragilidade. Fragilidade! Eis a palavra que muito bem nos define, pois somos pó e apenas isso. E, entrementes, no curso da vida, experimentamos tudo o que é possível sofrer pelo simples fato de sermos humanos. Ah fragilidade nossa de cada dia, ó sutil, e às vezes grotesca, condição natural que nos oprime e nos amedronta e induz a alma à revolta e ao desespero. Essas considerações me servem para introduzir uma descoberta para mim tardia, para outros, no entanto, creio que muito trivial pelo tempo que passou desde que ocorreu: a morte de Heather O’Rourke, a linda criança loura que interpretou Carol Anne Freeling nos filmes Poltergeist I, II e III.
Sim, aquele anjinho de faces sublimes morreu em 1988 de uma infecção intestinal misteriosa e terrível e eu descobri esse fato funesto só agora. Quiçá o filme tenha me perturbado demais na época (eu tinha só 8 anos) e minha pouca idade me tenha conduzido a uma introversão em relação ao mundo pulsante. Dessarte, a morte daquela criança tão encantadora ficou longe dos meus olhos. Ela teria hoje 32 anos e, na posse desse pensamento, bateu-me uma curiosidade assediante de saber dela, após ter reassistido ao filme, há duas semanas. Triste constatação, consternante surpresa: um sítio em inglês me falou de Heather O’Rourke com solene dor – “On the night of January 30, she woke up and crawled into bed with parents, complaining that she didn’t feel well. She got up the next day, tried to eat some toast, saying that she was going to school. She then fainted. Her fingers turning blue. They flew her in to the emergency room, but it was too late, she died on the operating table at 2:43 p.m. on Monday, Feb. 1st, 1988. We miss you, Heather!” E eu também, querida criança!
Esse sentimento de apavorante tristeza certamente durará semanas, pois sempre me reportarei aos seus olhos azuis e ternos, cativantes e cheios daquela despretensão infantil que nos serve de supremo modelo como ainda viventes. Deus, por que a vida tem que ser tão cruel, por que a inocência tem que sucumbir a essa maldita fragilidade e estiolar-se no nada? Na existência, só há brisas pestilentas e nós respiramo-la sem o saber, cegos por uma esperança desbotada. Diante de tudo isso, desse quadro deplorável de moldura puída e tintas desfeitas, o homem, o supremo ser, a espécie dominante, é um mero joguete do destino, uma marionete da fortuna! Ai de nós, humanos, demasiado humano!

10 novembro 2005

O CRIME DE PADRE AMARO


Por essa semana, visitei alguns blogues que debatiam o mesmo assunto. Coincidência? Presumo que não, devo julgar como uma feliz providência do destino. Assim, antecipei minha volta das férias para editar esta postagem e contribuir com os blogueiros que se estão dedicando a este assunto: o filme O Crime de Padre Amaro. Tomei conhecimento de uma versão portuguesa no blogue da Ragazza e me deram venetas terríveis de assistir a ele, mas não sei ainda se estará disponível no Brasil nem sei se foi feito para o cimema. A ver se obtenho mais notícias dessa obra lusa.
Acime publiquei a capa promocional da versão latino-americana com Gael Garcia Bernal, um queridinho desses lados do Atlântico. A produção mexicana recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria Melhor Filme Estrangeiro e uma indicação ao Goya, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro em Língua Espanhola.
A comunidade católica se mostrou reacionária antes mesmo das gravações, tentando de todas a formas possíveis impedir a realização do filme. Um temor inglório e totalmente ridículo devo dizer, pois se houvesse, ainda que minimamente, algum merecimento histórico que essa instituição apresentasse, eu seria o primeiro a protestar contra o filme. Todavia, não há! O que Eça de Queirós denunciou e o filme tratou de materializar foi a mais inconteste verdade reinante no seio do celibato clerical: hipocrisia e corrupção, pseudo-religiosidade e arrogância idolátrica. A começar pela própria instituição do celibato que amputa ao homem as possibilidades de uma felicidade matrimonial concreta que apraz a Deus, pois foi ELE próprio que a determinou por meio de um mandamento estabelecido ainda no Éden.