11 fevereiro 2005

Edgar Allan Poe

Em 29 de Janeiro de 1845, o Evenig Mirror publicou o imortal poema "O Corvo", que consagrou definitivamente Poe como um poeta digno de figurar no Panteão dos Eternos. Nascido em Boston, em 1809, Poe chega ao Mirror em 1848 e torna-se subeditor desse periódico. Transcrevo aí um fragmento desse fantástico poema que ficou vinculado permanentemente ao seu nome. Segundo Oscar Mendes: "Quando os leitores da poesia, sob influência do impacto emocional que ela lhes causava, perguntavam a Poe como tivera a inspiração de tema tão intenso e tão impressionante, o poeta, seguindo conhecido pendor seu de mistificador, dava logo a entender que não houvera inspiração alguma, que tudo fora força do trabalho lógico, desenvolvido pouco a pouco. E após a publicação e o êxito enorme obtido pelo poema, ele próprio tratou de provar como escrevera a sua poesia no seu longo ensaio A Filosofia da Composição."
De qualquer modo, o poema se tornou célebre, rendendo traduções em várias línguas, sobretudo em português, em que várias versões se sucederam. Entre elas, a que publico aqui, de Gondin da Fonseca:

Certa vez, quando, à meia-noite eu lia, fraco, extenuado,
um livro antigo e singular, sobre doutrinas do passado,
meio dormindo - cabeceando - , ouvi uns sons, trêmulos, tais
como se leve, bem de leve, alguém batesse à minha porta.
"É um visitante", murmurei, "que bate, leve, à minha porta.
Apenas isso e nada mais."

Bem me recordo. Era em dezembro. Um frio atroz, ventos cortantes...
Morria a chama no fogão, pondo no chão sombras errantes.
Eu nos meus livros procurava - ansiando as horas matinais -
um meio em vão de amortecer fundas saudades de Lenora
- bela adorada, a quem, no céu, os querubins chamam Lenora,
e aqui ninguém chamará mais.

E das cortinas cor de sangue, o arfar soturno e brando e vago
causou-me horror nunca sentido - horror fantástico e pressago.
Então fiquei (para acalmar o coração de sustos tais)
a repetir: "É alguém que bate, alguém que bate à minha porta;
algum noturno visitante, aqui batendo à minha porta;
é isso, é isso e nada mais".

Um comentário:

Anônimo disse...

hahahahahahah sem graça