26 abril 2005

Vocabulário Luso-Brasileiro, ora pois!!!

Segue o catálogo de palavras que distinguem o vocabulário luso do tupiniquim:

Portugal Brasil
Baliza Trave (de futebol)
Banda Desenhada Revista em Quadrinhos
Bairro da Lata Favela
Banheiro Salva-Vidas de Praia
Bebedeiro Mamadeira
Berlinde Bola de Gude, Chimbra
Boléia Carona
Bolo-Rei Bolo de Panetone (comido no Natal)
Botequim, loja de bebidas de café Loja de Bebidas Alcoólicas
Brigada de Trânsito Polícia Rodoviária
Burgo Pequena povoação
Qualificação Classificação
Quezília Aversão, Antipatia
Pastilha Elástica Chiclete
Tira-Cápsulas Abridor
Hospedeira de Bordo Aeromoça, Comissária de Bordo
Lixívia Água Sanitária
Elétrico Bonde
Sebenta Apostila
Piroso Brega
Boceta Caixa (no Brasil, na língua popular, boceta significa “vulva”)
Descapotável Conversível
Picheleiro Encanador
Penso Rápido Esparadrapo
Agrafador Grampeador
Peúgas Meias
Coima Multa
Peão Pedestre (No Brasil, peão é usado p/ designar o amansador de cavalos)
Paragem Ponto de Ônibus
Sandes Sanduíche
Calcinha Cueca
Capachinho Peruca
Sumo Suco
Bica Cafezinho
Autoclismo Descarga
Autogol Gol Contra
Autocarro Ônibus

22 abril 2005

Ora, pois!!!

Muito interessado nas difrenças entre o Português aqui falado e o falado em Portugal, resolvi compilar aqui alguns termos e expressões que nos difrenciam, brasileiros e lusos, no uso diário da língua.

Portugal Brasil
A bandeiras despregadas Com toda a a expansão
A capucha Escondidamente, sem alarde
A colaço A propósito
A eito Sem interrupção
A Deus misericórdia Graças à misericórdia de Deus
A falsa fé A traição, deslealmente
A finca Com empenho, com afinco
A fito Atentamente
A furtapasso Depressa
A lanço De propósito
A mão tenente À queima-roupa, de muio perto
A unhas de cavalo Com maior rapidez
A sabor À vontade, a bel-prazer
A vozes Em altos gritos, a plenos pulmões
Ao viés Obliquamente
Cacete, o pão francês; Pequeno bastão de madeira
Cachopa moçoila; moça pequena
Calçada O que aqui conhecemos por rua
Camisola Camisa
Carniçaria Açougue
Carniceiro Além das acepções comuns ao Brasil, signinifica também
açougueiro
Carta de condução Carteira de motorista
Chapéu de chuva Guarda-chuva
Casa de banho Banheiro
Pai Natal Papai Noel
Bicha Fila
Pica, injeção No sentido vulgar, pênis
Pivô de telejornal Âncora de telejornal
Pomada para sapatos Graxa para sapatos
Puto, garoto masculino de puta - meretriz
Comboio Trem
Ceroulas Cuecas de homem
Morgue Necrotério
Gorja Garganta
Leitor de cassetes Toca-fitas
Viado, no sentido de antigo
pano listrado Homossexual masculino, pederasta
Gajo Palavra equivalente a "o cara", designativo indefinido de
homem, no Brasil
Giro Bonito, engraçado, interessante

18 abril 2005

AFORISMO DE OSCAR WILDE

“Quão afortunados são os atores! Cabe-lhes escolher se querem participar de uma tragédia ou de uma comédia, se querem sofrer ou regozijar-se, rir fartamente ou esfazer-se em lágrimas; isso, porém, não sucede na vida real. Quase todos os homens e mulheres são forçados a desempenhar papéis para os quais não têm a menor propensão. O mundo é, de fato, um palco, mas os papéis são pessimamente distribuídos.”

“Aquele que se mantém o mais longe possível do seu século é, na verdade, o que melhor o espelha.”

“As boas intenções são a ruína do mundo! Os homens que, de algum modo, conseguiram alterar a sociedade não tinham intenção alguma.”

“O que vem a ser o cínico? O homem que conhece o preço de todas as coisas e o valor de nenhuma delas.”

“Os homens desejam sempre ser o primeiro amor de uma mulher; este é um efeito da sua insensata vaidade. As mulheres têm um instinto mais sutil: elas desejam ser o último amor de um homem.”

11 abril 2005

CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS JÁ!!!

O colunista Fiuza, em sua matéria “O Papa Empalhado”, a começa com a intercalação das seguintes frases, não sei se tiradas por ele ao convívio com os jornalistas que, nessa semana de exéquias papais, ouviram ou leram sobre o afã que tomou as atalaias da carcaça do papa, ou não sei se imaginadas por ele diante do referido afã: “Ajeita o pé do papa que tombou de novo! A cabeça tá balançando, não inclina! Fecha a boca do Papa!”.
Essas frases, se verdadeiramente proferidas ou não, num dos maiores espetáculos jornalísticos de todos os tempos, apontam para uma realidade infeliz e perversa no âmbito da religião – o declínio da idealidade espiritual. Com efeito, tal fato não é tão inédito e nem deve provocar surpresa nos observadores para quem importa a preservação da pureza doutrinária que a Igreja Católica abandonou há séculos, com suas práticas idolátricas, seus dogmas desafiadores da sã doutrina exarados em espicilégios e hagiografias múltiplas.
Ultrajou-me por demais ver durante a semana dos funerais um verdadeiro espetáculo de veneração a uma carcaça sem vida. Longe de mim maldizer um morto, ou um vivo, não faz diferença, quando não há razões imediatas, mas eu lastimo a degradação espiritual a que humanidade chegou, ao erguer um ídolo entre ela e o próprio Deus, verdadeiro e único objeto de veneração.
Como já disse o próprio Fiuza: “Se os fiéis que entopem os funerais do papa declaram sentir-se, diante de sua figura mumificada, como se estivessem na presença de Deus, é preciso parar tudo e mandar todo mundo de volta à primeira comunhão. Lição número um: Deus é espírito.” Sim, Deus é espírito e, conforme deitou Paulo nas páginas bíblicas, “é necessário que todo aquele que dEle se aproxima para adorá-lo, o façam em espírito e em verdade”. Em espírito, pelo reconhecimento de que ELE não está limitado a espaços nem a corpos, para receber veneração materialista; em verdade, pelo conhecimento que a bíblia registra, de que só existe um mediador entre Deus e os homens, a saber: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo;” (1 Timóteo 2.5).
O culto cadavérico visto a olhos pasmos pelos sinceros é uma prova cabal de que Deus foi substituído no coração da humanidade, e a Babilônia Espiritual embriagou-se, naquele momento, com a adoração cega e mal direcionada de uma turba desinformada das verdades eternas, “levada em roda pelos ventos de doutrina”, destronando, no centro de sua vida, o Deus único e perfeito; derribando o seu altar e substituindo pelo de um homem comum como todos os homens, imperfeito e perecível como todos os homens.
A imagem mórbida do papa foi conduzida perante a multidão extasiada, num claro simbolismo estéril e enganoso em que a religiosidade se confundia com mercadologia política. Lamente-se!

06 abril 2005


Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
— Árabe errante, vou dormir à tarde
A sombra fresca da palmeira erguida.

Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.

Morrer... quando este mundo é um paraíso,
E a alma um cisne de douradas plumas:
Não! o seio da amante é um lago virgem...
Quero boiar à tona das espumas.
Vem! formosa mulher — camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas,
Minh'alma é a borboleta, que espaneja
O pó das asas lúcidas, douradas ...

E a mesma voz repete-me terrível,
Com gargalhar sarcástico: — impossível!

Eu sinto em mim o borbulhar do gênio,
Vejo além um futuro radiante:
Avante! — brada-me o talento n'alma
E o eco ao longe me repete — avante! —
O futuro... o futuro... no seu seio...
Entre louros e bênçãos dorme a glória!
Após — um nome do universo n’alma,
Um nome escrito no Panteon da história.

E a mesma voz repete funerária:
Teu Panteon — a pedra mortuária!

Morrer — é ver extinto dentre as névoas
O fanal, que nos guia na tormenta:
Condenado — escutar dobres de sino,
— Voz da morte, que a morte lhe lamenta —
Ai! morrer — é trocar astros por círios,
Leito macio por esquife imundo,
Trocar os beijos da mulher — no visco
Da larva errante no sepulcro fundo,

Ver tudo findo... só na lousa um nome,
Que o viandante a perpassar consome.

E eu sei que vou morrer... dentro em meu peito
Um mal terrível me devora a vida:
Triste Ahasverus, que no fim da estrada,
Só tem Por braços uma cruz erguida.
Sou o cipreste, qu'inda mesmo florido,
Sombra de morte no ramal encerra!
Vivo — que vaga sobre o chão da morte,
Morto — entre os vivos a vagar na terra.

Do sepulcro escutando triste grito
Sempre, sempre bradando-me: maldito!

E eu morro, ó Deus! na aurora da existência,
Quando a sede e o desejo em nós palpita..
Levei aos lábios o dourado pomo,
Mordi no fruto podre do Asfaltita.
No triclínio da vida — novo Tântalo
O vinho do viver ante mim passa...
Sou dos convivas da legenda Hebraica,
O estilete de Deus quebra-me a taça.

É que até minha sombra é inexorável,
Morrer! morrer! soluça-me implacável.

Adeus, pálida amante dos meus sonhos!
Adeus, vida! Adeus, glória! amor! anelos!
Escuta, minha irmã, cuidosa enxuga
Os prantos de meu pai nos teus cabelos.
Fora louco esperar! fria rajada
Sinto que do viver me extingue a lampa...
Resta-me agora por futuro — a terra,
Por glória - nada, por amor — a campa.

Adeus... arrasta-me uma voz sombria,
Já me foge a razão na noite fria!...

Castro Alves, em 1864. Posted by Hello